Quando a Gabriela tinha poucos meses, meu irmão falou para uma amiga da minha mãe: "Olha, você precisa conhecer a Gabi. Ela nem é assim tããão bonita, mas é a criança mais simpática que já vi".
A princípio não gostei de ouvir "Ela nem é assim tããão bonita" - mãe é tudo igual - mas, pensando bem, a simpatia dela é muito maior que a beleza.
Desde recém nascida ela se atira nos braços de todo mundo com um sorriso. Quando, aos dois anos e meio, a levei para meia dúzia de escolinhas a fim de escolher a mais adequada , em todas ela parou, se sentou no meio das crianças e disse: "Oi. Meu nome é Gabriela" e começou a falar. E, em todas as vezes que a chamei para ir embora, ela respondeu: "Não, mamãe. Vamos ficar. Gostei daqui".
Fico encantada com sua capacidade de fazer amizade com qual-quer pessoa que cruze seu caminho: o guardador de carros, o funcionário do banco, a criança de rua. Quando a levo para alguma oficina de férias para crianças, ela diz: "Mamãe, vou fazer amizade", como quem diz: "Observe os bons". E logo engata uma conversa com alguém. E se não é ela quem puxa assunto com as pessoas, são as pessoas que puxam assunto com ela, ou a cumprimentam com a maior naturalidade, a ponto dela me perguntar um dia desses:
- Mamãe, esse moço está bravo?
- Não sei, por que?- É que ele não falou "oi" pra mim.
Ou, outro dia, num restaurante: o garçom perguntou sobre o pedido para os adultos e quando saiu para providenciá-lo, Gabriela virou pra mim, indignada:
- Mamãe, você viu? Ele nem olhou pra mim!
Mas é claro que depois ela fez dele seu melhor amigo. Como sempre, aliás.
Quando é assim, eu penso, de verdade, duas coisas: "Ser mãe é o verdadeiro paraíso" e "Quero ser assim quando crescer".
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