sábado, 12 de fevereiro de 2011

A ARTE DA ACEITAÇÃO

A última vez que precisei de terapia foi quando meu último namoro longo (por longo entenda-se mais de dois anos) terminou. Recorri a uma terapia breve porque não conseguia virar a página. Logo eu, que faço jus a fama de "partir pra outra" rapidamente. No meio dessa terapia (que durou três meses) aconteceram duas coisas improváveis: 1. Voltei com o namorado; 2. Descobri que ele era um psicopata digno de filme de terror.

A parte mais difícil dessa história foi entender "o que" ele era e "porque" tinha agido como agiu. Para aceitar seu comportamento, precisei estudar o perfil de um psicopata e enquadrá-lo, da mesma forma que se faz com um fato criminoso: se o fato é "tipico", isto é, se se enquadra no tipo penal, é enquadrado como crime. (e aí fica-se  feliz, com um alívio momentâneo, da mesma forma que acontece quando se coloca uma coisa no seu devido lugar ou se encontra a resposta certa para a palavra cruzada)

Mas voltando: numa das seções, enquanto eu compartilhava meu "estudo" e minha "conclusão" com a terapeuta, ela me disse: "Você está fazendo tudo isso para aceitar os fatos, aceitar a situação, não é? Então porque você não aceita direto, mesmo sem entender? O importante é que você aceite o que aconteceu."

"Como se fosse fácil", pensei. Mas esse dia essa mulher me deu uma das maiores lições da minha vida: a lição da aceitação, tão apregoada pelas religiões.

Aliás, foi muito interessante ouvir isso de uma psicóloga, uma profissional que usa a razão, porque ela me disse a mesma coisa que me dizem meus mestres, e me diz a minha religião: aceite o que a vida lhe oferece, de bom e de ruim.

OSHO, com quem eu tenho um caso de paixão e devoção (e sempre consegue me emocionar) diz: "A celebração é incondicional; eu celebro a vida. Ela traz infelicidade, ótimo, eu a celebro. Ela traz felicidade, ótimo, eu a celebro. A  celebração é minha atitude, não condicionada àquilo que a vida traz"

Quem ler esse texto pode pensar que talvez eu esteja passando por uma situação dificil nesse exato momento, ou de difícil aceitação. Mas posso assegurar que não: o que acontece (e que me fez lembrar disso tudo) é que esse "princípio da aceitação" pode (e deve) ser aplicado nas pequenas coisas dessa vida também. Pequenas coisas que costumam sugar nosso tempo e energia desnecessariamente.

Por exemplo, aquele cara tão gracinha diz que vai ligar e não liga. Diz que adorou você e  sua atitude não convencional, quer te agarrar e blábláblá. Você acha lindo e acredita, só que ele não liga. E aí? Adianta você gastar seu tempo e energia se perguntando por que diabos ele não ligou? Se ele conheceu outra pessoa, se assustou com seus escritos ou falou coisas só pra te agradar, que diferença faz? Seja qual for o motivo, ele não ligou. Ele não está interessado o suficiente. E é só isso que você precisa aceitar. E (só) isso deve ser o suficiente para você desencanar.    

Nunca vou me esquecer: num momento em que eu era "a gostosa" da turma, me apaixonei por um nerd. Como  ele não quis namorar comigo, conclui que tinha medo de se envolver. Que pretensão a minha! De onde eu tirei essa conclusão? Só  porque EM TESE, naquele momento,  eu fazia mais sucesso com o sexo oposto do que ele, ele tinha que estar interessado em mim? Ele não estava a fim de mim e ponto final. É preciso aceitar. É bem simples. E também não é o fim do mundo. É como eu já disse por aqui: a vida pode ser bem simples e bem boa. É só a gente querer. E aceitar o que ela trouxer, claro.   

4 comentários:

  1. hahaha... Vou aceitar o que a vida está me dando: Um texto de uma amiga pra aceitar minha atual condição! rsrs... Muito oportuno isso!
    Preciso de ajuda mesmo pra aceitar... Numa outra hora te conto o drama, num café pessoalmente. bjs!

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  2. Olha, Jana, estou vendo que essa coisa de "aceitar" é um exercício diário..Vc vai no churrasco? Quem sabe a gente não consegue conversar lá...Bj!

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  3. Amei o texto e como sua amiga Jana comentou, muito oportuno. E como vc mesma disse, é um exercício diário. Juro que estou me esforçando!

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  4. Quem sabe... aceitando o calorão de 40 graus e a chuva que alaga tudo; aceitando o pé na bunda, a demissão, o fim da paixão...

    Quem sabe assim haja menos lágrimas e sangue e mais sabedoria, dignidade e luz no fim do túnel? Quem sabe?

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