terça-feira, 30 de novembro de 2010

CAFÉ COM FRASE

"Um poeta que se explica parece que está se desculpando" (MÁRIO QUINTANA)

Eu ando muito, muito, muito ...Martha Medeiros !

"um, dois e… quando me dou conta, já fui, me joguei
antes de contar até três disse o que não era para ser dito
fiz coisas que não era para ter feito
me arrebento rápido, nem dói de tão ligeiro
mentira, dói de qualquer jeito"

PERGUNTINHA

Vocês acham que eu devo colocar "conteúdo para adultos" nesse blog ?
Falando sério !

RODA DE CAPOEIRA


O que uma roda de capoeira faz comigo

Nenhum homem já fez

(parafraseando Martha Medeiros)

O U T R A


Ah quer saber, tô nem aí...
"o que os olhos não vêem", sabe aquela história ?

Honestamente....
O que você faz sem mim não me interessa
(É só me poupar dos detalhes )

Agora, não poder deixar uma marquinha
Aí complica
Gosto de assinar a minha obra.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O MAIOR DOS LUXOS


Ele me colocou num pedestal e lutou pra me alcançar.
Fez de tudo pra me conquistar.

Prometeu mundos e fundos, tentou me comprar.
Eram flores, ingressos, viagens, presentes.

Bem que tentamos brincar de casinha.
Arriscamos planos e umas viagenzinhas.

Mas o que era aquilo, enfim ?
Sexo disfarçado de amor ?
Simbiose, paixão, ilusão, utopia ?

Eu não entendia.
Como podia estar sozinha, carente
ao lado de um homem tão decente?
Bonito, respeitado, apaixonado ?

Demorei pra perceber que ele era autoritário.

Apaixonado por quem, se ele não me percebia ?
Nessa "viagem" eu não existia, só a imagem que ele fazia

Ele me gostava de branco, eu uso preto
Me desejava pálida, gosto de sol
Me queria sempre doce, meiga e delicada, princesa plácida

Mas eu enfureço como as ondas, dou samba, falo palavrão
Sofro de sinceridade crônica e faço o que quero: a conta chega, eu pago o preço.

É, eu sei que ele parecia perfeito me cobrindo de presentes , causando inveja às desatentas
(pois quem prestasse atenção, veria: era tudo onde, quando e como ele queria)
Então ele dava, mas eu não recebia

Na verdade eu sou fácil, tão fácil de agradar
Mas pra isso é preciso me enxergar
Saber que gosto de cores, vou atrás de sabores
Mas rejeito receitas prontas, gosto de me aventurar

Não é preciso entender (nem mesmo saber)
das minhas taras, das minhas fraquezas
Mas essa coisa de me por em qualquer lugar
Jogar num altar e depois tirar
Francamente, não dá

Mas será que não dava pra contemporizar ?
Negociar, ceder aqui e acolá ?
Só que o negócio dele era manipular, dominar. Ganhar.

E como eu também não sou assim tão fácil de lidar, vamos combinar
E pra eu ser feliz basta uma voltinha, um blog, uma roda de capoeira, uma poesia
Fiz minha mala e fui viver o maior dos luxos: a liberdade de ser euzinha.

domingo, 28 de novembro de 2010

MAIS UM DIÁLOGO (SU) REAL


Ele chegou do nada, sentou do meu lado e disparou, como se fôssemos amigos de infância:
- Ela me deixou.
- Quando ?
- Hoje. Estou com as minhas coisas no carro, ela jogou tudo pela janela. Nem sei onde vou dormir essa noite.
- O que aconteceu ?
- Nada. Ela deu ouvidos a boatos que correm por aqui.
- Você traiu ela.
- Essa gente fala demais.
- Você traiu ela e ela descobriu.
- Se eu tivesse feito metade do que esse povo fala...
- Eu não sou sua mãe, eu não vou julgar você. Traiu ou não traiu ?
- Foi só um casinho.
- Primeira vez ?
- Segunda.
- Você assumiu ?
- Tive que assumir.
- Ela tem certeza ?
- Ela tem fotos. Vim te contar porque prefiro que você saiba por mim.
- Por que ?
- Porque eu te convidei pra sair.
- Mas eu não aceitei.
- Você está bonita.
- ??????
- Está livre hoje à noite ?
- Quê ? ??
- Desculpa. É que eu não tô legal.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

D O I D A

Ela queria um careca tatuado com cara de mau

Só cara, mas mesmo assim: Ela não é normal.

É ?

G O O G L E

Eu digitei o nome dele no google, descobri que ele morreu e senti..........alívio.

Foi horrível.

BAZAR DE ARTESANATO DA MALOTA


Nesse sábado, dia 27/11 ! Parte da renda será destinada ao Lar Anália Franco.

A consumista aqui já está reservando uma graninha, porque é uma coisa mais linda que a outra !

Encontro vocês lá !

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

POEMA DA AGENDA DA TRIBO

"Todos os orifícios
tomados
maculados
conformados
com a sorte

sabendo que o gozo é rápido

como a morte"

...

Para me acompanhar em 2001, escolhi uma agenda do Paul Frank e uma da Tribo, que é a minha cara (agora tudo é a minha cara, né ?)

Tenham paciência, pois fim de ano me faz mais consumista e vou fazer merchandising de graça por aqui.

E só para registrar, esse poema vai pra série "do que eu gostaria de ter escrito". (Elza Fraga, Imaculada - Agenda da Tribo)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

PLAY LIST DE GENTE FELIZ !!

1. Mika - One boy foot

2. Pedro Luis e a Parede - Menina Bonita

3. Sergio Mendes - You and I

4. Sugar Ray Feat. Super Cat - Fly

5. Ben L. Oncle Soul - Say you will be there

6. Brett Dennenand Femi Kuti - Make you crazy

7. Corinne Bailey Rae - Id like to

8. Dave Matthews Band - Stay

9. Lena - Not following

10. Lena - Sattelite

11. Marie Digby - Know you by heart

12. Ozomatli - After Party


Fonte: Rádio Farm
Vá lá: http://www.farmrio.com.br/

ESSE É PRA VOCÊ


"o caminho é este

tem pedra, tem sol

tem bandido, mocinho

tem você amando

tem você sozinho

é só escolher

ou vai, ou fica"


fui.


Martha Medeiros

terça-feira, 23 de novembro de 2010

AFINAL, O QUE QUEREM AS MULHERES ?

Ouvir esses dias um " eu te protejo" me excitou tanto quanto um "eu te desejo".



É isso que nós mulheres queremos: nos sentir protegidas e desejadas, não necessariamente nessa ordem.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

COINCIDÊNCIA

Dias depois de escrever "Quero transar com você", encontro o cara que me fez gostar de beijar na boca no supermercado.

Achei curioso, porque não o via desde aqueles tempos (e bota tempo nisso)

Meus pensamentos foram os seguintes: 1. Ele está igualzinho; 2. Realmente não acho ele bonito; 3. Será que ele lembra de mim ? 4. Bons tempos, aqueles.

Tive vontade de dizer: "Oi ! Escrevi sobre você essa semana. Algo como "ele beija bem, pegava todas e devia ser o homem mais feliz do mundo"

Mas fiquei quieta, claro.

sábado, 20 de novembro de 2010

SEXO

Como eu digo na introdução: " (...) o objetivo desse blog é divagar sobre as relações humanas, em especial sobre os encontros (e desencontros) amorosos.

Tem também a pretensão de fazer certa poesia do cotidiano. "

Mas está comprovado: eu falo de sexo, a "audiência" aumenta.

Seus tarados !

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

CONTADOR

Eba !

Demorou apenas um ano (rss) , mas agora temos um contador no site !

Começando do zero !

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

"Ela é puro êxtase" ou "Pra não dizer que não falei de flores"


Combinaram uma baladinha para relembrar os velhos tempos. Sabe aquela coisa de "a gente era feliz e não sabia" ? Pois é, o papo foi para esse lado. Cerveja vai, cerveja vem, daqui a pouco toca aquela música que ela gosta, AQUELA ! (Só por curiosidade: "Puro extâse" do Barão Vermelho, que agora é só Barão. ) Ela começa a dançar, a doida. Ama dançar, ama uma cerveja, ama essa música, daqui a pouco amava o amigo também.




Como assim ? É que ela começou dançando daquele jeito insinuante. "Rebolativo", diria um ex namorado. Não vulgar, isso não, porque ela não chega a fazer aquele biquinho de fotos da playboy. Mas mesmo assim ela provoca , está na cara que está a fim. Tão na cara que o amigo vai chegando e dançando junto e cada vez mais junto, até que eles se beijam na frente de todo mundo, aquele beijo de língua escandaloso que faz as pessoas comentarem alto: "É HOJE !".




Então ele a leva pra casa. E ela no melhor estilo fashion, de cabelo vermelho e saia estilosa, comprada numa feirinha de São Paulo. Sem calcinha. Ele confere e cai de boca ali mesmo, em frente à casa dela, imagine. E acabam transando no carro, um escândalo, dois malucos.




Antes de dormir ela reconstrói a cena mentalmente. A música, a dança, a cerveja, a transa. Há quanto tempo não fazia isso ? Já estava naquelas de brincar que "não lembrava mais como é que era", olhando pra ela ninguém diria. E esse amigo, também ninguém diria, nem ela que o conhecia há décadas: Nota dez, nota dez ! Teve vontade de mandar um torpedo, encher um pouco a bola dele, mas o que fez mesmo foi escrever no blog. Não sobre a transa, claro. Ela gosta mesmo é de falar de flores.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

CAFÉ COM AÇÚCAR

Essa sua persistência

vai acabar transformando a minha resistência

em urgência

Urgência de você

.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

TPM

Período em que você quer dizer todas as verdades do mundo para todos, mas não quer ouvir nenhuma;

Você quer colo, mas não consegue pedir, e mesmo se conseguisse, ninguém lhe daria, pois estão todos com medo de você;

Você não engole sapo, mas chora por qualquer coisa e não consegue escrever um texto decente.

Mais uma da série "A vida não é fácil".

sábado, 13 de novembro de 2010

ELE NÃO É GAY


Frequentei, certa vez, um " Curso preparatório para concurso telepresencial". Pra quem não sabe: as aulas são transmitidas via satélite ao vivo, e também gravadas para horários alternativos.




Na época eu só podia ir à tarde, então ficava praticamente sozinha na sala (a maioria dos alunos vai de manhã ou à noite). Vez ou outra aparecia um outro aluno pra assistir aula comigo. Lado bom: eu podia escolher a ordem das aulas e fazer o meu horário particular. Lado ruim: acabava não conhecendo ninguém, e conversando somente com o cara da recepção, que era uma figura.


Num curso desse tipo, só existem dois assuntos: concursos e professores. Pra combater o clima pesado de estudo e pressão, também se fala muita besteira.




Dito isso, um dia, meu amigo da recepção entrou pra trocar um DVD, apontou pra aula que eu acabara de assistir e disse: "Será que esse cara é gay ?" - referindo-se ao professor, que realmente, dava uma desmunhecada. E eu: "Não sei, será ?" Começamos a fazer piada sobre isso. Ele: "Ah, hoje em dia todo mundo é gay, até quem não parece. Por exemplo, o Fulano aqui : - e apontou para o aluno que assistia aula comigo, trazendo-o para nossa "seção bobagem" - ele é casado, tem filhos, você não diz , mas ele é gay". E eu, aproveitando que ele usava uma camisa pólo rosa: "Verdade ! Olha a camisa dele !" Rimos.




O cidadão, que de vez em quando assistia aula comigo (e que pelo jeito, não gostou da brincadeira) tirou um envelope da mochila e me entregou, enquanto resmungava, com ironia: " É, eu sou gay mesmo. Olha isso !"



Sem entender nada, abri o envelope e me deparei com várias fotos de um homem ensanguentado, com cara de coitado. Dava pra ver que ele tinha sido obrigado a pousar para as fotos, depois de apanhar muito. Ao redor dele, outros homens riam, entre garrafas de cerveja e tacos de beisebol. Alguns posavam sorrindo ao lado do cara. Seguravam seu rosto coberto de sangue, como quem exibe um troféu e diz: "Olha ! Eu quem fiz ! "




O cenário da "festa": um lugar deserto, dois carros, meia dúzia de bêbados (entre eles, meu "colega") e um cara ensanguentado.




O funcionário tinha ido atender uma ligação e o dono das fotos aproveitou para esclarecer: o homem era um assaltante, depois da surra virara evangélico. Além de heterossexual, meu colega fazia boas ações, como se vê.



Eu só consegui dizer : "E você anda com isso na mochila ?", enquanto voltava meus olhos para a tela, completamente desconfortável com aquela "exibição de virilidade".



Cinco minutos depois ele me perguntou: "Você tem MSN"?



Fiz que não com a cabeça, sem desviar os olhos da tela.



E ele, estranhando minha resposta: "Nossa ! Você não tem MSN ???"



"Não tenho", disse, me perguntando que tipo de idéia eu poderia trocar com aquele ser e torcendo para que o assunto morresse ali.



Contando, ninguém acredita.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

TIM-TIM !!


UM ANO DE "CAFÉ COM CARLA" !




Quando comecei esse blog, há exatamente um ano, meio que decretei um "ano novo" pra mim.




Uma nova fase.




Minha intenção era recomeçar, renascer, sair de uma energia ruim que me cercava.




Acredito que consegui.




Escrever é cura para sentimentos nocivos, liberdade para prisões imaginárias, consciência de desejos e imperfeições, proximidade com as pessoas. Escrever é uma paixão, um desafio, um hobby, uma terapia.


Meu universo são os sentimentos e as relações humanas. Minhas dores e delícias, que são as mesmas de qualquer ser humano que ama, sofre, deseja, ganha, perde, goza, chora.




Escrevo pra quem amo, pra quem odeio, pra quem desejo, pra quem me desperta.

Escrevo pra mim.




E às 23 hs tem brinde ! Nosso brinde de Feliz Aniversário !

terça-feira, 9 de novembro de 2010


Espelho, espelho meu...existe alguém mais "Carla" do que eu ?

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

C O N V I T E

Quinta feira (dia 11/11) esse blog vai fazer um aninho e vocês - meus amigos visíveis e invisíveis - estão convidados para a festa !
..
É só chegar e trazer bom humor, vibrações positivas, carinho, beijo, abraço, histórias pra contar !
..
Aceitamos críticas também !
..
Esse ano a festinha vai ser virtual e às 23:00 hs vai rolar um brinde por aqui !
..
E se tudo der certo e esse espaço continuar fazendo o bem que me faz ( e agradando alguém aqui e ali) o ano que vem a gente faz uma festa de verdade, do jeito que gosta e merece !
..
Um beijo enorme à cada um de vocês !

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

MONTEIRO LOBATO E A BONEQUINHA PRETA


Essa polêmica envolvendo o Monteiro Lobato me lembrou um episódio.



Situando: O Conselho Nacional de Educação propôs que o livro "Caçadas de Pedrinho"(1933) deixasse de ser distribuído nas escolas públicas por considerar preconceituosas certas referências à personagem Anastácia, como "macaca de carvão" e "de carne preta" (ou algo assim).



Às vezes acho essa coisa de politicamente correto um saco, mas admito que essas expressões meio que me chocaram. O que não significa que eu concorde com a censura. De qualquer maneira, uma contextualização por parte dos professores se faz necessária. Os tempos mudaram, nesse caso para melhor. Racismo é crime.



Mas vamos ao episódio: estava eu namorando a vitrine de uma lojinha muito charmosa, perto da minha casa, que (infelizmente) não existe mais. Na vitrine havia uma boneca de pano negra, com os cabelos fartos, encaracolados e cheios de lacinhos coloridos. A coisa mais linda do mundo, com os bracinhos abertos, parecia me dizer: "Leve-me com você". Parênteses: sou apaixonada por bonecas de pano. Tão apaixonada que (juro) quando a médica olhou meu ultrasom e disse que eu esperava uma menina, meu primeiro pensamento foi "Vou comprar uma boneca de pano". (eu juro !)



Mas voltando: eu me encantei com aquela coisa fofa e perguntei para a vendedora: "Quanto é a boneca ?" E ela : "Qual?" E eu : " A pretinha". E ela: " Ah...(pausa)...Espera um pouco por favor, que eu vou ter que perguntar para a gerente que está lá do outro lado. Você entende, né ? Eu não posso falar alto: Quanto é a boneca preta ?"

Não, não entendo. Fiquei imaginando a cena, ela virando para a gerente e perguntando "Quanto custa a boneca afro-descendente ?"



Bom, do preço eu não lembro, só desse diálogo surreal. Lembro também que não comprei a boneca e me arrependo até hoje.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

"QUERO TRANSAR COM VOCÊ"


Aos quinze, eu decidi beijar. Achei que já tinha esperado demais.



Então, no clube que eu ia toda semana (só) dançar com as minhas amigas, aceitei dar uma volta com o primeiro que me convidou. E beijei.



Ele era "reco", servia o quartel. Naquela época aqueles soldados me despertavam o maior tesão, talvez pelo uniforme, talvez pelo cabelo (até hoje gosto de homens carecas ou quase carecas) Só que eu não gostei do beijo, nem do cara. Meu primeiro pensamento foi "como é molhado isso!" Não ficamos muito tempo juntos. Eu o achei antipático, meio arrogante. Belo começo, como se vê.



Demorei seis meses pra beijar de novo. E de novo não gostei. Como as pessoas viam graça nisso ? Eu não entendia.



Até que um dia, também num desses clubes que a gente ia toda semana, um cara muito conhecido (e disputado pelas garotas) me agarrou. Aí eu entendi. Entendi o que as pessoas viam no beijo e entendi o que as garotas viam nele. Ele não era bonito, era sexy. Tinha appeal, tinha pegada. Acho que "ficamos" umas três vezes. É claro que nenhuma garota tinha exclusividade sobre ele. Hoje talvez ele esteja calvo e barrigudo, mas naquela época ele devia ser o cara mais feliz do mundo.



Continuei com meus rolinhos, aquela coisa de beijar o mesmo cara nas baladas. Muito mais interessante que beijar e sair andando. Até que um dia...



Minha melhor amiga na época cursava Engenharia numa cidade do interior. Eu ia para as festas de lá, muito melhores que as minhas em São Paulo, com seus advogados caretas. Foi numa dessas festas que eu conheci meu primeiro namorado de verdade. Eu já tinha dezenove anos.



Ele era professor da faculdade (o que já me impressionou de cara) e oito anos mais velho do que eu. O cara tinha carisma e inteligência, uma combinação bombástica. E não queria só sexo, queria me namorar.



Então aos finais de semana eu ia pra cidade dele, ou ele vinha pra São Paulo.



Depois de umas três semanas juntos, ele veio para Jundiaí para um baile muito famoso, que é sempre um acontecimento. Nesse baile pode acontecer de tudo, e lá pelas tantas, vimos um casal transando perto do banheiro. A menina estava trêbada, sentada no colo do cara, mas de costas pra ele, de modo que podíamos ver a expressão dos dois, dele e dela. Um showzinho particular.


Depois da cena ele me olhou bem sério e disse: "Eu quero transar com você".



Ele sabia que eu era virgem, e não era um "Quero transar com você agora porque essa cena me excitou", era um "Eu sei que é sua primeira vez, e eu posso esperar até que esteja pronta, mas quero deixar bem claro que eu desejo você. Eu quero você, e quero muito".



Não me lembro de ter dito alguma coisa. Lembro de ter ficado surpresa e muito, muito excitada.


É impressionante o poder que um homem tem sobre uma mulher quando consegue transmitir claramente que a deseja, sem mensagens dúbias e sem vulgaridade. Uma mulher desejada e segura (não estou falando necessariamente de amor, mas de algo mais, uma paixão, uma história ) está no paraíso. Ela é a eleita.



E quando o sexo acontece, não tem melhor.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

BEM-VINDO OU BENVINDO ?

Li por aí que depois da reforma ortográfica o correto seria "benvindo", com a queda do hífen.

Mas em todos os lugares ainda se lê "bem-vindo".

Comecei a estranhar cada vez mais o termo "benvindos" do blog, e mudei para "bem-vindos".

Devidamente justificado. E bem-vindos !

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Aos Pintores com a Boca e os Pés








Certa vez, na curso de Publicidade, tivemos que criar uma campanha para inclusão de portadores de deficiência no mercado de trabalho. Lembro que destacamos a frase "Portador de Deficiência" e riscamos o "D" com um "x". Ficou "portador de eficiência". Defendemos a idéia de que um portador de deficiência vive uma situação que praticamente o obriga a desenvolver qualidades como perseverança, persistência, resiliência, paciência, e muitas outras que podem torná-lo um empregado eficiente, às vezes até mais dedicado que àquele que não tem deficiência física, afinal, a superação de limites é algo que acaba fazendo parte de seu cotidiano. É claro que estamos falando daqueles dispostos (aliás, decididos) a serem úteis.


No livro "Minhas razões, tuas razões - A origem do desamor" o psiquiatra Paulo Gaudêncio conta uma história maravilhosa sobre um piloto chamado Douglas Badder, que era piloto da RAF e perdeu as duas pernas num acidente de avião. Ele se viu aposentado jovem, com um grande salário e nenhum futuro. Então mandou desenhar duas pernas de alumínio, articuladas através de correias, reaprendeu a andar e voltou a pilotar. Quando estourou a Segunda Guerra Mundial, ele quis voltar a ser piloto da RAF. Participou de bombardeios, e num deles seu avião foi abatido, ele ficou com as pernas presas nas ferragens, largou as pernas e pulou de pára quedas. Foi considerado o prisioneiro de guerra que mais deu trabalho para a Alemanha, em função das inúmeras tentativas de fuga que realizou. E deixou a seguinte frase, que eu nunca vou esquecer: "Quando tiver uma desculpa verdadeira, não a use. A pior desculpa é a desculpa verdadeira". Como disse o autor: "Ele tinha a pior desculpa do mundo: era aleijado. Se tivesse usado essa desculpa verdadeira, ia passar a vida dentro de um hospital. Como não usou a desculpa verdadeira, fez de sua vida uma aventura maravilhosa". O autor cita esse exemplo para dizer que muitas vezes, num relacionamento amoroso - que é o tema do livro - nos cercamos de desculpas verdadeiras: deixamos de fazer tal coisa porque "nosso parceiro não deixa". É verdade que ele não deixa, mas é também verdade que uma parte de nós também não quer fazer tal coisa por algum motivo (medo, por exemplo). Mas não enxergamos que uma parte de nós é cumplice do outro. É mais fácil culpar o outro, usar uma desculpa (verdadeira ou não) e deixar de fazer.

Fico a pensar se essa capacidade de superação das pessoas é algo inato, desenvolvido com o tempo, ou despertado em razão de uma grande dificuldade e /ou perda.
O porteiro do meu condomínio é uma pessoa querida e prestativa, que acabou se tornando um amigo da família . Há dois ou três anos ele teve um problema de circulação e precisou amputar a perna, na altura da coxa. Passado o tempo de adaptação, ele colocou uma prótese, comprou um carro adaptado e voltou a trabalhar. Continua o mesmo: prestativo e extrovertido. Na capoeira (agora a capoeira está em todos os meus textos, rss) também há um aluno (que é também professor, pelo que entendi) que perdeu a perna num acidente de moto e ginga tão bem, que pra perceber a deficiência é preciso reparar, e muito. Eu olho para essas pessoas e não sinto pena. Eu sinto admiração.

Por outro lado, eu conheço pessoas (pelo menos três) que nasceram em berço de ouro (talvez nem tão de ouro assim, mas numa situação financeira confortável) e que, mais de trinta e cinco anos depois, continuam sem saber o que fazer de suas vidas e dependendo financeiramente de seus pais. Em razão de uma superproteção, essas pessoas nunca tiveram a oportunidade de sentir seu próprio poder e sua capacidade de superação.


Quanto a mim, fico entre me superar ( e fico muito feliz quando consigo) e me auto-sabotar. De qualquer maneira, já percebi: meu inimigo sou eu mesma, e não adianta (NÃO ADIANTA) perder meu tempo me comparando com alguém, ou pior, culpando alguém por meus revezes. De novo: "a corrida é longa, e no final, é sempre contra você mesmo" .

Toda essa reflexão surgiu quando eu recebi esse dias, pelo correio, meia dúzia de cartões de Natal dos "Pintores com a boca e os pés". Funciona assim: eles aprendem a pintar, fazem um trabalho de qualidade e comercializam. Essa associação existe desde 1956, e eu a conheço desde 1980, quando vim pra São Paulo e comecei a me corresponder com meus avós de Salvador.
Era sempre um momento de muita alegria receber esses cartões, que eu guardo até hoje. Lembro de minha surpresa, aos seis, sete anos, de ver aquelas obras de arte feitas com a boca e com os pés. "Como é possível ?", eu me perguntava. E me pergunto até hoje.

Esses artistas fizeram parte da minha infância e da minha relação (tão especial) com meus avós, cultivada mesmo à distância; também me provaram que é possível superar as dificuldades e viver a vida com alegria e dignidade, nas circunstâncias mais adversas.

A eles eu dedico esse texto.
(Visite o site: http://www.apbp.com.br/)