terça-feira, 21 de setembro de 2010

PALHAÇOS







Nunca gostei de palhaços, nem quando criança.


No circo, gostava de tudo: dos trapezistas, do mágico, dos animais - ainda não era proibido - menos dos palhaços. Não é que tivesse medo (hoje vejo crianças chorando de medo de palhaço em festinhas infantis) Simplesmente achava tudo aquilo uma bobagem, não conseguia rir.


Sempre me irritaram o Bozo e os Trapalhões, para citar dois exemplos. E é assim até hoje: não acho graça quando alguém cai de bunda no meio da rua - não é essa a essência da palhaçada ? - e o humor grosseiro de programas como "Zorra Total" e a "Praça é nossa" me deprime.


Quando o Tiririca "estourou", há muitos anos, ia no Faustão e no Programa Legal domingo sim, outro também, cantar "Florentina, Florentina" . Meu pai naquela época comentou: "Não sei quem disse a esse homem que ele é engraçado". Realmente, quem disse ?

Ontem um jornal popular exibia a manchete: "Pode ficar pior para o Titirica": o candidato declarou não ter bens e pode ter a candidatura cassada pela informação inverídica.


Marcelo Paiva escreveu que o voto para o Tiririca tem cara de voto de protesto. Realmente. Mas que protesto é esse, que coloca um palhaço - no sentido pejorativo do termo - no Congresso ? Quem acaba sendo o "palhaço" no final das contas ?


Mas nem tudo está perdido. Existem palhaços e palhaços.

Em contraponto aos "palhaços oportunistas" de plantão, existem tantos outros, dedicados a espalhar a alegria. E existem aqueles que vão além.

O melhor exemplo que me ocorre são os Doutores da Alegria.

Sempre acompanhei esse trabalho voluntário através de reportagens e entrevistas, mas foi só quando assisti o (premiadíssimo) documentário que compreendi sua importância.


Os Doutores da Alegria tem a missão de fazer rir crianças que sofrem e que às vezes se encontram na beira da morte. São palhaços talentosos, preparados e donos de uma sensibilidade singular, que os permitem perceber até onde podem ir.

Pessoas assim fazem a diferença, transformam o ambiente para melhor. Não pude deixar de pensar que graças a essas pessoas as crianças - e também os adultos - podem dizer que gostam de palhaço.












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