quarta-feira, 3 de novembro de 2010

"QUERO TRANSAR COM VOCÊ"


Aos quinze, eu decidi beijar. Achei que já tinha esperado demais.



Então, no clube que eu ia toda semana (só) dançar com as minhas amigas, aceitei dar uma volta com o primeiro que me convidou. E beijei.



Ele era "reco", servia o quartel. Naquela época aqueles soldados me despertavam o maior tesão, talvez pelo uniforme, talvez pelo cabelo (até hoje gosto de homens carecas ou quase carecas) Só que eu não gostei do beijo, nem do cara. Meu primeiro pensamento foi "como é molhado isso!" Não ficamos muito tempo juntos. Eu o achei antipático, meio arrogante. Belo começo, como se vê.



Demorei seis meses pra beijar de novo. E de novo não gostei. Como as pessoas viam graça nisso ? Eu não entendia.



Até que um dia, também num desses clubes que a gente ia toda semana, um cara muito conhecido (e disputado pelas garotas) me agarrou. Aí eu entendi. Entendi o que as pessoas viam no beijo e entendi o que as garotas viam nele. Ele não era bonito, era sexy. Tinha appeal, tinha pegada. Acho que "ficamos" umas três vezes. É claro que nenhuma garota tinha exclusividade sobre ele. Hoje talvez ele esteja calvo e barrigudo, mas naquela época ele devia ser o cara mais feliz do mundo.



Continuei com meus rolinhos, aquela coisa de beijar o mesmo cara nas baladas. Muito mais interessante que beijar e sair andando. Até que um dia...



Minha melhor amiga na época cursava Engenharia numa cidade do interior. Eu ia para as festas de lá, muito melhores que as minhas em São Paulo, com seus advogados caretas. Foi numa dessas festas que eu conheci meu primeiro namorado de verdade. Eu já tinha dezenove anos.



Ele era professor da faculdade (o que já me impressionou de cara) e oito anos mais velho do que eu. O cara tinha carisma e inteligência, uma combinação bombástica. E não queria só sexo, queria me namorar.



Então aos finais de semana eu ia pra cidade dele, ou ele vinha pra São Paulo.



Depois de umas três semanas juntos, ele veio para Jundiaí para um baile muito famoso, que é sempre um acontecimento. Nesse baile pode acontecer de tudo, e lá pelas tantas, vimos um casal transando perto do banheiro. A menina estava trêbada, sentada no colo do cara, mas de costas pra ele, de modo que podíamos ver a expressão dos dois, dele e dela. Um showzinho particular.


Depois da cena ele me olhou bem sério e disse: "Eu quero transar com você".



Ele sabia que eu era virgem, e não era um "Quero transar com você agora porque essa cena me excitou", era um "Eu sei que é sua primeira vez, e eu posso esperar até que esteja pronta, mas quero deixar bem claro que eu desejo você. Eu quero você, e quero muito".



Não me lembro de ter dito alguma coisa. Lembro de ter ficado surpresa e muito, muito excitada.


É impressionante o poder que um homem tem sobre uma mulher quando consegue transmitir claramente que a deseja, sem mensagens dúbias e sem vulgaridade. Uma mulher desejada e segura (não estou falando necessariamente de amor, mas de algo mais, uma paixão, uma história ) está no paraíso. Ela é a eleita.



E quando o sexo acontece, não tem melhor.

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