sábado, 19 de março de 2011

SEXO NÃO É TUDO





Uma amiga estava empolgada com o que ela chamava de “melhor beijo do mundo”. O cara beijava bem e era bem dotado, digamos assim. Até que, três semanas depois, quando perguntei sobre o cidadão, ela me respondeu com certa preguiça e certo cansaço (sabe quando, depois de pensar muito sobre um assunto você cansa porque não chegou a nenhuma resposta? E sabe quando, depois de tanto pensar, qualquer que seja a resposta, não faz a menor diferença? Pois é) Então, com cansaço e preguiça, ela me respondeu que sim, o sexo era bom, sim, o cara era inteligente, a fazia rir e coisa e tal, mas eles começaram a se estranhar. Estranhar como? Bom, ela desconfiava que ele era meio manipulador, queria estar sempre no comando, e como ela também não era fácil, eles estavam sempre discutindo por qualquer bobagem.

E ainda tinha a história da ex. Mas que ex? A ex namorada, que estava sempre sorrindo no mural da sala dele e de quem ele falava quinhentas vezes por dia. Eu disse quinhentas? Oitocentas vezes, por aí. Tá, ele e a ex eram “Best friends forever”, mas mesmo acreditando que seja só amizade...oitocentas vezes? Era chato. A minha amiga se encheu e deixou isso bem claro pra ele. Como o rapaz não só continuou falando da ex, como também não deu a mínima para o sentimento da minha amiga, ela desencanou.

Estou contando essa história porque ela reforça a minha teoria de que COMUNICAÇÃO é tudo num relacionamento, mesmo que ele seja um casinho sem importância. Mesmo que seja só sexo.

Há pouco tempo atrás, eu me envolvi com um homem comprometido (que namora há séculos) A relação (de pura atração física) acabou durando mais que o previsto porque ele sabia me ouvir. Se eu reclamava de alguma coisa, ele não só me ouvia, como tentava ajudar, pedia desculpas. Não sei se posso dizer que somos amigos, mas ele tem o meu respeito. Quando existe um certo cuidado entre as partes, a amizade prevalece. 

Meu primeiro namorado costumava dizer que sexo é cinqüenta por cento num relacionamento. Não sei. Eu diria que cinquenta por cento num relacionamento é comunicação. É tentar, é saber ouvir o parceiro. Se a comunicação entre o casal flui, se ambos se sentem de certa forma seguros, desejados, cuidados, a chance do sexo fluir (e ser bom) é grande. (OK, é preciso também da tal da química) Mas, ao contrário, o casal pode ter o melhor beijo, o melhor sexo, mas se um fala A e outro entende B, ou – pior – se um fala A e o outro não ouve, ou – pior ainda – ouve, mas não se importa – aí a coisa complica e não há performance sexual que segure a relação, porque em pouco tempo o casal vai querer se matar e o conexão entre os dois vai desaparecer .

A menos que estejamos falando de uma noite só, uma transa qualquer, aquela coisa de dar uma e querer sair correndo, é preciso saber ouvir. É preciso enxergar o outro. Se não for assim, qual o sentido? No final das contas, a (boa) comunicação é o que fica.

5 comentários:

  1. Resumindo: Numa visão Heidegger-Gadameriana, relacionamento é linguagem...
    Um beijo,
    SAS

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  2. Nao tem como discordar, Carlinha!

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  3. "Relacionamento é linguagem" - gostei. Que bom que vocês me entendem!!!

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  4. Virgin, sabe que concordo com vc em "gênero, número e cor". Bjs, Er.

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  5. Sabe que eu adooooro quando vocês me chamam assim? Remete diretamente à época (boa) do colegial!

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