quarta-feira, 8 de setembro de 2010

OS TAIS "TRINTA ANOS"

Quando eu publiquei meu livro, em 2004, saí arrombando portas: falei do que queria, do jeito que queria. Não fiquei preocupada com o que iam pensar de mim. Eu me expus, como sempre faço quando escrevo. Eu me joguei. Foi a maneira que encontrei de sobreviver a uma crise pessoal, profissional e à morte do meu pai.

As reações foram as mais variadas: teve gente que gostou e gente que achou que eu exagerei. Houve quem me considerasse feliz, leve, deprimida, louca, ninfomaníaca, sensível, idealista, alienada, tarada, profunda, namoradeira, superficial e por aí vai.

Acho que foi Proust quem disse que "todo leitor é leitor de si mesmo". Pura verdade. Quase sempre o leitor interpreta o que lê à luz de suas experiências e (pré)conceitos. Pensando assim não tem como se sentir atingido pela crítica. Mas em tese e em termos, pois nunca é bom ouvir algo negativo sobre nós mesmos e nosso trabalho.

Acho que ter declarado o livro um "diário" teve seu preço: mais espaço para os leitores emitirem opiniões sobre mim. Era muito divertido contar a história por trás da história, tipo"esse texto eu entreguei para o juiz" e "esse outro texto eu escrevi pra não pular no pescoço do cara", mas a parte ruim é que isso acaba tirando o foco do texto, que é.....o próprio texto e seu valor literário. Não minha experiência pessoal ou minhas qualidades e defeitos.

No final das contas o saldo foi muito positivo, e nada me deixa mais feliz que ouvir até hoje um "li seu livro semana passada de novo" ou "sempre leio seu livro, é meu livro de cabeceira". "O meu poema preferido é tal, posso colocar no perfil do orkut ?". Isso, como diz a propaganda, "não tem preço".

De qualquer maneira, hoje eu tento ter mais cuidado com o que escrevo. Tento não fazer desse blog um diário, porque acho isso meio chato. Tento não dar nomes aos bois, contando o milagre sem falar do santo. Agora, por exemplo, estou me esforçando para não falar de religião, ou para falar de uma maneira que não soe como catequese. (Não gosto de autores que falam muito sobre religião. Deixei de ler Adelia Prado por causa disso, de cada dez poemas, em sete ela fala de Deus e isso me cansa)

Isso não significa ser menos sincera ou menos autêntica. Espero que signifique algum amadurecimento.

E para os tarados: não, eu ainda não cansei de falar de sexo.

2 comentários:

  1. É...falando em diários eu preciso desenterrar o meu blog...Preciso reaver minha senha do blogspot, é que teve uma migração de dados quando eles se juntaram com outra empresa e eu me f**di...

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  2. Precisa meeeeeeeeesssmo ! Você escreve super bem ! Bjs !

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