sexta-feira, 30 de julho de 2010

AS MELHORES/PIORES COISAS DA VIDA


Ouvi um dia desses o seguinte diálogo:
- "Essa "soneca" (alarme do celular) é a melhor/pior coisa do mundo."
- "Mas é a melhor ou a pior ?"
- A melhor/pior !

Essa pessoa tinha toda a razão: é a melhor quando nos deixa dormir mais cinco minutos e a pior quando nos acorda de novo. Não pude deixar de pensar que na vida quase sempre é assim: as melhores coisas são também as piores e vice-versa.

Quando amamentei senti a maior dor (fisicamente falando) da minha vida. Sei que não é assim com todas as mulheres, mas para mim foi como se alguém ralasse o bico dos meus seios no asfalto até sangrar, e depois sugasse. E quando começava a cicatrizar (com banho de sol, a única maneira), minha filha chorava de fome e começava tudo de novo.

Eu ficava tão tensa que até a minha postura mudou por um tempo.

Lembro de ter lido na época a seguinte manchete na revista Caras:"Amamentar foi a melhor experiência da minha vida" - quem dizia era a atriz Giovanna Antonelli. Taí o mundo fake de Caras, pensei. Mas depois de uma semana, o bico do seio se adaptou e eu pude dizer a mesma coisa.

Até hoje sinto saudades da expressão da minha filha quando mamava no meu peito: "um misto de ternura e determinação", como já escrevi.

Mas existem coisas que são "só alegria". Será mesmo ?

Você se apaixona. O mundo é cor de rosa: planos, declarações de amor, sexo fantástico. Aliás, que mundo ? O mundo não existe para os apaixonados.

Mas basta ele/ela atrasar cinco minutos, deixar de ligar ou trocar scraps carinhosos com outra pessoa. Pronto: você já está no inferno. E em segundos. Sem contar que se ele/ela vai embora, você quer cortar os pulsos.

E a propósito, quando alguém que nós amamos se vai para sempre, a dor é tão grande, que na hora é impossível pensar que existe algo de bom nisso. Mas depois de um certo tempo, você percebe que esses momentos (terríveis) trazem as maiores lições da sua vida, fazendo você uma pessoa melhor. Sem contar que, se conseguir abrir o coração ( o que costumamos fazer quando estamos dilacerados) vai se surpreender com o amor e o apoio de muitas pessoas dispostas a ajudar (algumas das quais
você nem dava importância)

No ano que meu pai morreu, tive o mais triste e mais feliz Natal da minha vida. Triste porque ele não estava lá, mas feliz porque estávamos todos lá, reunidos (e unidos) por ele e por essa vida que não pára.

E voltando ao campo afetivo: meu pior dia dos namorados acabou sendo o melhor de todos. Uma ano que eu estava sem namorado e carente, resolvi distribuir pirulitos de coração com aquele poema do Mario Quintana, "Felicidade Realista". Um trecho diz assim: "Ter um parceiro constante, pode ou não, ser sinônimo de felicidade. Você
pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando
se trata de amor-próprio."

Comecei distribuindo no fórum, onde eu trabalhava, depois na Paulista, onde eu estudava. Fiz amizades, recebi convites, cantadas e até flores ! Essa atitude me aproximou das pessoas de tal forma que quando cheguei em casa (morava sozinha) nem consegui dormir, tamanha a energia que me envolvia. Tomei uma cerveja e brindei a mim mesma, me sentindo a mais feliz das criaturas !

O que estou tentando dizer é que é preciso estar aberto à vida, às suas dores e suas delícias. Se fugimos do sofrimento, nos fechamos para a felicidade também. É preciso aceitar o pacote completo !

E como diz um amigo: "Teu mundo é do teu tamanho. Nem uma dor a mais, nem um amor a menos "

2 comentários:

  1. Difícil mesmo é se sentir vazio: sem dor nem amor. Adoro seus textos.

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  2. Quando vem o próximo livro?
    Saudades mil!
    Super beijo!

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