terça-feira, 20 de março de 2012

NOCIVO ROMANTISMO




Numa entrevista em que a Malu Mader  falava de seu relacionamento com o Tony Belotto, ela confessou que num primeiro momento, lamentou intimamente o fato dele já ter sido pai, porque queria ser a primeira mulher a lhe dar um filho. E completou: "Percebi como o romantismo, às vezes, pode ser nocivo."

Gosto de entrevistas. Quando o entrevistado não é um político que só sabe falar bem de si mesmo (porque eles estão SEMPRE em campanha, é impressionante) acaba revelando, em algum momento, seu lado humano. 

Nesse tempo de tantas exigências sociais, é um alívio perceber que sim, somos TODOS humanos (até os políticos, quem diria).

Mas voltando ao romantismo e aos tempos de romantismo, vivi muitas situações que me levam a concordar: sim, o romantismo pode ser nocivo.

Já lamentei o fato de meu (então) namorado ser pai. Também senti vontade de ser a primeira mulher a lhe dar um filho. (agora que sou mãe não consigo ver sentido nesse "desejo romântico")

Houve um tempo em que, quando eu conhecia um homem que julgava ser "o cara" (o homem da minha vida, já que é pra ser romântica) eu lamentava (intimamente, que fique bem claro) não ser mais virgem. Eu pensava "ah, que pena que não me guardei para esse `ser especial`...".

E já que estamos no túnel do tempo, lá pelos meus dezesseis anos, eu quase desejei viver no tempo da ditadura. Hoje morrer torturada nas mãos dos militares, ainda que por uma boa causa, não me parece uma boa idéia.

Por outro lado, devo ser justa e confessar que as paixões platônicas nunca me  seduziram, e  que, por mais que gostasse de ler, não consegui  terminar "Os sofrimentos do Jovem Werther", tampouco sentir compaixão, nem por um minuto, pelo personagem. Ainda acho difícil acreditar que o livro tenha levado jovens ao suicídio. OK, eram outros tempos. Mas também  não posso nem ouvir falar na "Saga Crepúsculo", muito menos entender como as adolescentes querem um namorado branquelo bebedor de sangue, a lhes salvar de problemas criados única e exclusivamente.... por ele.

Tudo bem. Talvez eu não seja romântica daquelas retardadas, que esperam a chegada do príncipe, de preferência num carro importado (afinal, já passei dos trinta, e faz tempo) Mas, ainda voltando ao passado, eu me pergunto: quando esse meu "romantismo" foi saudável, ou na melhor das hipóteses, construtivo?

Tive dois namorados poetas. Dos bons. Com o segundo, eu até me casei. Em ambos os casos, as lindas poesias não sobreviveram, literalmente, ao fim do relacionamento. No primeiro, foram rasgadas por mim. No segundo, rasgadas por ele. Não sobrou um poeminha sequer pra contar a história, ou as histórias.

Quero deixar bem claro que gosto de poesias. Elas me consolam, me alimentam, me salvam da minha própria mediocridade. A questão não é a poesia em si, mas o romantismo que procuramos nos relacionamentos amorosos. Muitas vezes nós, mulheres, procuramos "um homem romântico". Mas o que é um homem romântico, afinal?

O psicopata com quem eu me relacionei foi o mais romântico dos homens. Falava que me amava duzentas vezes por dia, em meio a lágrimas, emails e torpedos. Eu disse duzentas? Talvez quinhentas. Fazia tudo que eu queria na hora que eu queria. Não tinha vida própria. Eu sentia até culpa quando me sentia sufocada, tamanha devoção. Tudo fingimento, claro. Como é fácil conquistar uma mulher quando não se está apaixonado por ela. É só dizer tudo o que ela quer ouvir e fingir taquicardia quando a vir. Fica mais fácil se a "vítima" estiver vulnerável. E tiver tendências românticas.

E se a gente parar pra pensar em quantos relacionamentos destrutivos-complicados- inventados, só para  ocupar o tempo, escapar da rotina, fugir dos problemas ( fugir de um e arrumar mais dez, diga-se), quer cortar os pulsos. Melhor nem falar.
Os homens devem levar alguma vantagem nesse quesito, porque não inventam amores e dramas da mesma maneira que nós, mulheres. Eles são mais práticos. Que delícia, um homem prático. Que entende o mapa,  abastece o carro, reserva o hotel. Um homem que trabalha (só quem namorou um irresponsável vai entender o quanto isso é fundamental), que gosta de futebol, números e tecnologia. 

Talvez ele não diga "eu te amo" (se bem que às vezes NADA substitui um "eu te amo"),  mas traz chocolates quando você está na TPM, acerta o tamanho da lingerie, presta atenção no que você diz.
Ele não escreve poemas, mas está sempre presente, telefona, abre a porta do carro, faz gracinha pra sua filha, conversa com a sua mãe,  apresenta você aos amigos.

Um verdadeiro romance se constrói com atitudes, e de ambas as partes. Atenção, atitude, gentileza. Taí o verdadeiro romantismo. Ah, e flores, que sempre ajudam. 

6 comentários:

  1. adorei o texto e o seu blog, já estou seguindo!
    Parabéns, vc escreve com alma!
    abs,maria

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  2. Obrigada Maria! De verdade é minha alma que comanda esse blog! E um comentário como o seu me faz pensar que eu devo estar fazendo alguma coisa certa, rs

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  3. pode ter certeza de que está fazendo sim, pois ao ler seus textos, fiquei me sentindo muito bem, confesso; eu sou sim romatica, mas nunca tive sorte, ou melhor, não encontrei a pessoa certa.... rsssss
    esse texto me fez lembrar um amor antigo, só que a pessoa, não teve atitude, coragem de ter um relacionamento.....
    puxa, acabei falando demais, me animei..... sorry, rssssss
    escreva mais e sempre..... vc coloca esses textos no FB tbem?
    abs, maria

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  4. Como assim, "falei demais?" Adoraria que esse blog se transformasse num consultório sentimental...Coloco alguns links no facebook..alguns..Bjs!!!

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  5. E vc me esquece, um legítimo "Homem prático"! hahaha
    Bjs,

    SAS

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  6. Aiaiai...não esqueci! Mas você sabe o motivo do meu silêncio!!Não sabe?

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