sábado, 1 de outubro de 2011

DEPOIS DAQUELA NOITE


Aquela noite ele estava especialmente bonito. Mais relaxado, mais descansado. "Entregue", talvez?
Aquela noite ele estava sereno, confiante, decidido. Será que eu posso dizer "feliz"?
Aquela noite não havia crise, pensamento, hesitação; havia desejo.
Aquela noite ele não tinha olheiras. Tinha um olhar que dizia: "Te quero".
Sim, era uma noite em que ele sabia bem o que queria, aliás, quem queria, e esse alguém era ela.
Foi então que aconteceu. E ela, que adora fazer o papel de mulher fatal, naquela noite foi apenas uma mulherzinha que adorou ser dominada, devorada, amada. Valeu a pena esperar, pensou.
Mas como nem tudo é perfeito, ele vem e vai; aproxima-se, afasta-se. Aproxima-se, afasta-se.
Quando ele está presente, ela usa vestidos longos, caminha descalça  sob o sol, numa praia imaginária, cabelos ao vento.
Quando ele falta, ela endurece e segue sozinha, ou nem tanto, porque veste preto, pinta a boca de vermelho e mira pra acertar. Acertar alguém que lhe dê aquele olhar "te quero", alguém que lhe tire a faca do peito ou simplesmente a faça parar de pensar se é hora de ir ou ficar, desencanar ou apostar, desistir ou confiar.
Ela sabe que amanhã vai ter que decidir: fazer as malas e ir? Ficar e esperar? Esperar até quando?
Amanhã ela decide. Hoje ela quer dar.

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