terça-feira, 12 de outubro de 2010

Casar ou não, eis a questão


Sempre gostei de refletir sobre as relações humanas, em especial as românticas. Ultimamente meu alvo preferido - de reflexão - tem sido o casamento.


Não só por causa de "Comer, rezar, amar" e agora "Comprometida", de Liz Gilbert - dois best sellers que abordam o tema muito bem e que recomendo a todas as mulheres (recomendar aos homens seria pedir demais), mas por causa da minha própria experiência.


Depois de me separar e namorar em seguida um lunático (para dizer o mínimo), decidi passar um tempo sozinha. Foi a melhor coisa que fiz.
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Agora mesmo estava numa festinha infantil, e as mamães comentavam sobre uma mamãe ausente, que estava muito mais feliz agora, separada e nos braços do novo namorado. Os comentários davam a entender que o ex não tinha sido um bom marido, o que achei bastante curioso, pois já tinha ouvido, em outra rodinha e em outro lugar, exatamente o contrário sobre o ex, que inclusive também já está de namorada nova. Eu, sabiamente (demora, mas a gente aprende) não abri a minha boca, mas continuei com as minhas "reflexões".


Esse fim de semana minha filha foi passar o feriado com o pai, com quem (felizmente) voltei a ter uma relação amigável. Ele comentou comigo por telefone que estava pensando em se casar novamente e parecia muito feliz. Fiquei feliz por ele e me peguei torcendo para que o relacionamento dê certo. Minha filha gosta muito da namorada dele, que parece cuidar dela muito bem. Eu acho isso maravilhoso. É a primeira vez na minha vida que não tenho ciúme - nem dele, nem da minha filha. (e só para constar: eles não tem o endereço do meu blog. Vai que eu mudo de idéia)


Eu, por minha vez, penso em nunca mais me casar. As minhas reflexões me levaram a pensar que nós mulheres supervalorizamos o amor romântico. Daí para a frustração é um passo.


Na minha adolescência eu tive medo de passar a vida como uma tia que eu amo de paixão, mas cuja vida me parecia monótona, para dizer o mínimo. Monótona como ? Bem, minha tia nunca se casou, nunca viajou para lugar nenhum e sempre trabalhou na mesma coisa ganhando pouco.


No meu raciocínio maniqueísta, nunca me ocorreu que talvez ela nunca quisesse se casar ou ter filhos, ou que em algum momento de sua vida simplemente tenha abdicado desse desejo sem maiores dramas. Também nunca pensei que ela pudesse gostar realmente do seu emprego e que de repente existisse um amor secreto ou um trabalho voluntário importante em sua vida. Em suma, talvez ela se sentisse completamente realizada, ou - como a maioria dos mortais - relativamente realizada.


Eu simplesmente projetei nela a minha crise que durou até os trinta anos (a famosa crise dos trinta): o medo de não me casar, de não ter filhos e de não ser bem sucedida profissionalmente. Da mesma forma que se faz ao contrário, imaginando que a vida de fulano é perfeita porque ele tem tudo isso, ao menos em tese.

Quanta bobagem.

Uma vez um primo querido que tinha acabado de se divorciar me disse uma frase que eu nunca esqueci: YOU CAN`T HAVE EVERYTHING" ("você não pode ter tudo"). Taí a mais pura verdade. Olhando o meu exemplo, tão comum: eu me casei, mas me separei ; fiz faculdade (até duas), mas nunca tive uma carreira; porém me mantenho, tenho uma filha que é um verdadeiro tesouro, uma família amorosa e sigo experimentando e aprendendo, sem mais querer ser a dona da verdade.
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Hoje acredito que o casamento não pode ter todo esse peso na nossa realização pessoal, assim como a nossa busca pelo amor não pode se concentrar (muito menos se limitar) ao amor romântico. Aliás, pensando friamente, casamento tem mais a ver com praticidade do que com ideais românticos. Diminuir as expectativas e jogar fora as ilusões românticas pode ser libertador. E sem amargura, pois o caminho continua sendo o amor, apenas em sentido mais amplo. Afinal o amor é infinitamente maior que o amor romãntico e está em todos os lugares, às vezes onde a gente menos espera. É só prestar atenção.

5 comentários:

  1. Dra. Carla,

    Lendo seu livro, o qual,diga-se de passagem, me excitou em muitos trechos, você fala que queria um homem que te desse sexo todo dia.

    Claro que tudo isto foi escrito antes de você (tem problema chamá-la de "você"?) casar etc.

    Mas a questão é, a partir desta sua reflexão sobre o casamento, como fica a questão do sexo? Estou claramente partindo do pressuposto que você é uma ninfomaníaca e, como tal, sabe da importância e gosta (muuuito) desta coisa maravilhosa.
    Seu admirador

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  2. Meu caro anônimo: só com um big texto vou conseguir responder essa questão ! Bjs e aguarde !

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  3. Dra. Carla,

    Largue de ser cruel com seus admiradores. Qual o e-mail que poderia falar pessoalmente com vc?

    Um beijo,
    Seu admirador, triste e sem resposta.

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  4. Leu meu livro e não tem o meu e-mail ? Estranho isso... Vá lá:carlinhavcb@gmail.com

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  5. Dra. Carla,

    Li o livro e, só agora, tenho o seu e-mail. Não ache estranho. Tenho justificativa robusta pra isso.

    Um beijo.
    SAS

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